sexta-feira, 28 de novembro de 2008
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Pensamento Crítico Contemporâneo
SEMINÁRIO DE INTRODUÇÃO
2ª EDIÇÃO
Fábrica de Braço de Prata
www.bracodeprata.com
de Novembro de 2008 a Fevereiro de 2009
Aos Sábados, das 16h às 19h
Inscrições [lugares limitados]: cursopcc@gmail.com
ORGANIZAÇÃO:
UNIPOP | NÚMENA
APOIO:
Le monde diplomatique – edição portuguesa
PROGRAMA
1 NOV
Guy Debord por Ricardo Noronha
Jacques Rancière por Manuel Deniz Silva
8 NOV
Pierre Bourdieu por Nuno Domingos
Michel Foucault por Jorge Ramos do Ó
Nos dias 15 e 22 de Novembro não haverá seminário porque nesses dias decorrerão em Lisboa o Congresso Internacional Karl Marx (14-16 de Novembro, na FCSH-UNL) e o Colóquio Internacional Merleau-Ponty e Lévi-Strauss (20-22 de Novembro, no Instituto Franco Português).
29 NOV
Georg Simmel por José Luís Garcia
André Gorz por José Nuno Matos
6 DEZ
Jacques Derrida por Silvina Rodrigues Lopes
Giorgio Agamben por António Guerreiro
13 DEZ
Benedict Anderson por João Leal
Edward Said por Manuela Ribeiro Sanches
10 JAN
Néstor Garcia Canclini por Paulo Raposo
Antonio Negri por José Neves
17 JAN
E.P.Thompson por Fátima Sá
James Scott por José Manuel Sobral
24 JAN
Chomsky e/ou Feyerabend por Rui Tavares
Cornelius Castoriadis por Miguel Serras Pereira
31 JAN
Gilles Deleuze por Nuno Nabais
Theodor W. Adorno por João Pedro Cachopo
7 FEV
Slavoj Zizek por Nuno Ramos de Almeida
Alain Badiou por Bruno Peixe
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BREVE APRESENTAÇÃO DOS CONFERENCISTAS
2ª EDIÇÃO
Fábrica de Braço de Prata
www.bracodeprata.com
de Novembro de 2008 a Fevereiro de 2009
Aos Sábados, das 16h às 19h
Inscrições [lugares limitados]: cursopcc@gmail.com
ORGANIZAÇÃO:
UNIPOP | NÚMENA
APOIO:
Le monde diplomatique – edição portuguesa
PROGRAMA
1 NOV
Guy Debord por Ricardo Noronha
Jacques Rancière por Manuel Deniz Silva
8 NOV
Pierre Bourdieu por Nuno Domingos
Michel Foucault por Jorge Ramos do Ó
Nos dias 15 e 22 de Novembro não haverá seminário porque nesses dias decorrerão em Lisboa o Congresso Internacional Karl Marx (14-16 de Novembro, na FCSH-UNL) e o Colóquio Internacional Merleau-Ponty e Lévi-Strauss (20-22 de Novembro, no Instituto Franco Português).
29 NOV
Georg Simmel por José Luís Garcia
André Gorz por José Nuno Matos
6 DEZ
Jacques Derrida por Silvina Rodrigues Lopes
Giorgio Agamben por António Guerreiro
13 DEZ
Benedict Anderson por João Leal
Edward Said por Manuela Ribeiro Sanches
10 JAN
Néstor Garcia Canclini por Paulo Raposo
Antonio Negri por José Neves
17 JAN
E.P.Thompson por Fátima Sá
James Scott por José Manuel Sobral
24 JAN
Chomsky e/ou Feyerabend por Rui Tavares
Cornelius Castoriadis por Miguel Serras Pereira
31 JAN
Gilles Deleuze por Nuno Nabais
Theodor W. Adorno por João Pedro Cachopo
7 FEV
Slavoj Zizek por Nuno Ramos de Almeida
Alain Badiou por Bruno Peixe
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Tomando como eixo um amplo conjunto de autores contemporâneos e as correntes e sensibilidades que os atravessam, este seminário pretende mapear algumas das principais problemáticas que hoje desafiam um pensamento crítico. Desenrolando-se ao longo de dez sábados, o seminário decorrerá num lugar privilegiado na cidade de Lisboa: a Fábrica de Braço de Prata.
Em cada sábado serão abordados dois autores. Na primeira parte de cada sessão serão apresentadas duas comunicações, que estão a cargo de um conjunto de convidados que vai da Filosofia ao Jornalismo, passando pela História, a Antropologia , a Sociologia , os Estudos Literários e a Musicologia. Na segunda parte haverá oportunidade para debate entre todos os participantes no seminário.
O seminário tem um objectivo introdutório e destina-se ao público em geral, dispensando qualquer tipo de formação académica prévia. Serão disponibilizados materiais de leitura que permitirão uma melhor preparação das sessões e materiais de leitura para que cada pessoa possa posteriormente aprofundar o seu conhecimento sobre os autores e os temas tratados no seminário.
A moderação das sessões estará a cargo dos coordenadores do seminário. Em relação à primeira edição do seminário, esta segunda edição ocupar-nos-á por mais um sábado. Os autores debatidos serão na sua maioria os mesmos que estiveram em foco na primeira edição do seminário, acrescentando-se porém à lista anterior os nomes de T.W.Adorno, André Gorz, Néstor Garcia Canclini e Cornelius Castoriadis.
PREÇO DO CURSO: 25€ | 15€ estudantes do 1º ciclo do Ensino Superior.
No final do seminário, será conferido um certificado de participação a quem solicitar.
Quem pretender apenas inscrever-se numa sessão determinada e não na totalidade do curso, terá que pagar um preço de 4€ por sessão. A inscrição avulsa numa determinada sessão efectua-se no próprio dia, na Fábrica de Braço de Prata, junto ao secretariado do Seminário.
Em cada sábado serão abordados dois autores. Na primeira parte de cada sessão serão apresentadas duas comunicações, que estão a cargo de um conjunto de convidados que vai da Filosofia ao Jornalismo, passando pela História, a Antropologia , a Sociologia , os Estudos Literários e a Musicologia. Na segunda parte haverá oportunidade para debate entre todos os participantes no seminário.
O seminário tem um objectivo introdutório e destina-se ao público em geral, dispensando qualquer tipo de formação académica prévia. Serão disponibilizados materiais de leitura que permitirão uma melhor preparação das sessões e materiais de leitura para que cada pessoa possa posteriormente aprofundar o seu conhecimento sobre os autores e os temas tratados no seminário.
A moderação das sessões estará a cargo dos coordenadores do seminário. Em relação à primeira edição do seminário, esta segunda edição ocupar-nos-á por mais um sábado. Os autores debatidos serão na sua maioria os mesmos que estiveram em foco na primeira edição do seminário, acrescentando-se porém à lista anterior os nomes de T.W.Adorno, André Gorz, Néstor Garcia Canclini e Cornelius Castoriadis.
PREÇO DO CURSO: 25€ | 15€ estudantes do 1º ciclo do Ensino Superior.
No final do seminário, será conferido um certificado de participação a quem solicitar.
Quem pretender apenas inscrever-se numa sessão determinada e não na totalidade do curso, terá que pagar um preço de 4€ por sessão. A inscrição avulsa numa determinada sessão efectua-se no próprio dia, na Fábrica de Braço de Prata, junto ao secretariado do Seminário.
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BREVE APRESENTAÇÃO DOS CONFERENCISTAS
António Guerreiro é crítico literário. Escreve regularmente no semanário Expresso. Encontra-se a realizar uma tese de doutoramento na Faculdade de Letras sobre Walter Benjamin.
Bruno Peixe é investigador da Númena – Centro de Investigação em Ciências Sociais e Humanas, onde tem trabalhado para a Rede Europeia de Informação sobre Racismo e Xenofobia (RAXEN) da Agência de Direitos Fundamentais da União Europeia.
Fátima Sá é historiadora, professora no ISCTE, onde lecciona matérias relativas à História dos Movimentos Sociais e à História da Cultura Popular. Publicou recentemente, com Maria Alexandra Lousada, uma biografia de D. Miguel. Em 2002 publicou Rebeldes e Insubmissos – Resistências Populares ao Liberalismo, 1834-1844.
João Leal é antropólogo, professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde lecciona, entre outras, uma cadeira sobre nacionalismo e etnicidade. É também investigador do Centro em Rede de Investigações em Antropologia . Entre outros trabalhos, publicou Etnografias Portuguesas (1870-1970) - Cultura Popular e Identidade Nacional e Antropologia em Portugal. Mestres, Percursos, Transições.
João Pedro Cachopo é musicólogo. Tem-se interessado por questões de filosofia contemporânea e estética. Redige actualmente, na FCSH-UNL, uma dissertação de doutoramento sobre a estética de Theodor W. Adorno subordinada ao tema: Verdade e enigma no pensamento estético de Adorno.
Jorge Ramos do Ó é historiador, professor na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, onde lecciona matérias relativas à História da Educação. Entre outras obras, publicou O governo dos escolares: uma aproximação teórica às perspectivas de Michel Foucault e O governo de si mesmo. Modernidade pedagógica e encenações disciplinares do aluno liceal: último quartel do século XIX – meados do século XX.
José Luís Garcia, sociólogo e investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, tem-se dedicado, entre outras matérias, ao estudo da ciência e tecnologia contemporâneas. Este mesmo tópico constitui a focalização do seu doutoramento cuja tese se intitula Engenharia Genética dos Seres Humanos, Mercadorização e Ética. Uma Análise Sociopolítica da Biotecnologia. Entre outras publicações, co-editou recentemente o livro Razão, Tempo e Tecnologia - Estudos em Homenagem a Hermínio Martins.
José Manuel Sobral é antropólogo, investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Tem sobretudo trabalhado sobre nacionalismos e também sobre tradição e cultura popular. Entre outros, publicou Trajectos: o Presente e o Passado na vida de uma Freguesia da Beira.
José Neves é historiador. Realizou uma tese de doutoramento intitulada Comunismo e Nacionalismo em Portugal – Política, Cultura e História no Século XX e, na mesma área, editou Da Gaveta para Fora – Ensaios sobre Marxistas. Actualmente é investigador no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
José Nuno Matos é licenciado e mestrado em Ciência Política pelo ISCSP-UTL. Publicou Acção Sindical e Representatividade.
Manuel Deniz Silva é musicólogo, investigador do Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos de Música e Dança, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Realizou doutoramento em Paris sobre a História da Música em Portugal e trabalha actualmente sobre música e cinema.
Manuela Ribeiro Sanches é professora na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde investiga matérias nas áreas dos estudos culturais, dos estudos pós-coloniais e dos estudos literários. É membro do Centro de Estudos Comparatistas. Editou recentemente Portugal não é um país pequeno” – Contar o império na pós-colonialidade e Deslocalizar a “Europa”. Antropologia , arte, literatura e história na pós-colonialidade.
Miguel Serras Pereira é autor, entre outros, de Da Língua de Ninguém à Praça da Palavra e Exercícios de Cidadania. É igualmente tradutor de inúmeros escritores e ensaístas de referência, entre eles Cornelius Castoriadis, sobre cuja obra se tem debruçado.
Nuno Domingos é mestre em Sociologia Histórica pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e encontra-se actualmente a realizar o seu doutoramento em Antropologia Social pela School of Oriental and African Studies (Universidade de Londres). Editou, com José Neves, A Época do Futebol – O Jogo visto pelas Ciências Sociais. É autor de A Ópera do Trindade.
Nuno Nabais é professor na Universidade de Lisboa, Professor Convidado do Departamento de Teatro da Universidade de Évora e membro do Centro de Filosofia da Ciência da Universidade de Lisboa. É fundador e coordenador da Fábrica de Braço de Prata. É autor de A Metafísica do Trágico. Estudos sobre Nietzsche [ Tradução inglesa Nietzsche and the Metaphysics of the Tragic] e de A Evidência da Possibilidade. A questão modal na fenomenologia de Husserl.
Nuno Ramos de Almeida, jornalista e militante. Jornalista de profissão, foi director dos Cadernos Polítika!, repórter dos programas de reportagem da SIC, director-adjunto do Já e director da revista Focus. Foi militante e dirigente na JCP, PCP e Bloco de Esquerda, e activista do movimento alter-global, tendo estado no grupo que organizou o primeiro Fórum Social Europeu de Florença, na movimentação global contra a guerra do Iraque. Foi coordenador do primeiro Fórum Social Português.
Paulo Raposo é antropólogo, professor no ISCTE e investigador do Centro em Rede de Investigações em Antropologia . Entre outras áreas, tem publicado sobre cultura popular e hibridização, ritual e performance, antropologia visual e património e turismo. Faz parte da Comissão Editorial da revista Etnográfica e colaborador do Jornal A Página. Teve formação de actor e actuou como actor profissional, assistente de encenação, músico e produtor musical durante alguns anos em diversos grupos teatrais de Lisboa.
Ricardo Noronha é bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia e encontra-se neste momento a preparar uma tese de doutoramento sobre a nacionalização da banca no contexto da revolução portuguesa de 1974-75. É investigador do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/Universidade Nova de Lisboa.
Rui Tavares é historiador, cronista no Público e no Blitz e comentador na SIC Notícias. É autor dos livros O Pequeno Livro do Grande Terramoto, Pobre e Mal Agradecido, O Arquitecto e O Regicídio (em co-autoria com Maria Alice Samara).
Silvina Rodrigues Lopes é professora no departamento de Estudos Portugueses da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É autora, entre outros, dos livros A Legitimação em literatura, Exercícios de Aproximação e Literatura: Defesa do Atrito.
Bruno Peixe é investigador da Númena – Centro de Investigação em Ciências Sociais e Humanas, onde tem trabalhado para a Rede Europeia de Informação sobre Racismo e Xenofobia (RAXEN) da Agência de Direitos Fundamentais da União Europeia.
Fátima Sá é historiadora, professora no ISCTE, onde lecciona matérias relativas à História dos Movimentos Sociais e à História da Cultura Popular. Publicou recentemente, com Maria Alexandra Lousada, uma biografia de D. Miguel. Em 2002 publicou Rebeldes e Insubmissos – Resistências Populares ao Liberalismo, 1834-1844.
João Leal é antropólogo, professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde lecciona, entre outras, uma cadeira sobre nacionalismo e etnicidade. É também investigador do Centro em Rede de Investigações em Antropologia . Entre outros trabalhos, publicou Etnografias Portuguesas (1870-1970) - Cultura Popular e Identidade Nacional e Antropologia em Portugal. Mestres, Percursos, Transições.
João Pedro Cachopo é musicólogo. Tem-se interessado por questões de filosofia contemporânea e estética. Redige actualmente, na FCSH-UNL, uma dissertação de doutoramento sobre a estética de Theodor W. Adorno subordinada ao tema: Verdade e enigma no pensamento estético de Adorno.
Jorge Ramos do Ó é historiador, professor na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, onde lecciona matérias relativas à História da Educação. Entre outras obras, publicou O governo dos escolares: uma aproximação teórica às perspectivas de Michel Foucault e O governo de si mesmo. Modernidade pedagógica e encenações disciplinares do aluno liceal: último quartel do século XIX – meados do século XX.
José Luís Garcia, sociólogo e investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, tem-se dedicado, entre outras matérias, ao estudo da ciência e tecnologia contemporâneas. Este mesmo tópico constitui a focalização do seu doutoramento cuja tese se intitula Engenharia Genética dos Seres Humanos, Mercadorização e Ética. Uma Análise Sociopolítica da Biotecnologia. Entre outras publicações, co-editou recentemente o livro Razão, Tempo e Tecnologia - Estudos em Homenagem a Hermínio Martins.
José Manuel Sobral é antropólogo, investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Tem sobretudo trabalhado sobre nacionalismos e também sobre tradição e cultura popular. Entre outros, publicou Trajectos: o Presente e o Passado na vida de uma Freguesia da Beira.
José Neves é historiador. Realizou uma tese de doutoramento intitulada Comunismo e Nacionalismo em Portugal – Política, Cultura e História no Século XX e, na mesma área, editou Da Gaveta para Fora – Ensaios sobre Marxistas. Actualmente é investigador no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
José Nuno Matos é licenciado e mestrado em Ciência Política pelo ISCSP-UTL. Publicou Acção Sindical e Representatividade.
Manuel Deniz Silva é musicólogo, investigador do Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos de Música e Dança, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Realizou doutoramento em Paris sobre a História da Música em Portugal e trabalha actualmente sobre música e cinema.
Manuela Ribeiro Sanches é professora na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde investiga matérias nas áreas dos estudos culturais, dos estudos pós-coloniais e dos estudos literários. É membro do Centro de Estudos Comparatistas. Editou recentemente Portugal não é um país pequeno” – Contar o império na pós-colonialidade e Deslocalizar a “Europa”. Antropologia , arte, literatura e história na pós-colonialidade.
Miguel Serras Pereira é autor, entre outros, de Da Língua de Ninguém à Praça da Palavra e Exercícios de Cidadania. É igualmente tradutor de inúmeros escritores e ensaístas de referência, entre eles Cornelius Castoriadis, sobre cuja obra se tem debruçado.
Nuno Domingos é mestre em Sociologia Histórica pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e encontra-se actualmente a realizar o seu doutoramento em Antropologia Social pela School of Oriental and African Studies (Universidade de Londres). Editou, com José Neves, A Época do Futebol – O Jogo visto pelas Ciências Sociais. É autor de A Ópera do Trindade.
Nuno Nabais é professor na Universidade de Lisboa, Professor Convidado do Departamento de Teatro da Universidade de Évora e membro do Centro de Filosofia da Ciência da Universidade de Lisboa. É fundador e coordenador da Fábrica de Braço de Prata. É autor de A Metafísica do Trágico. Estudos sobre Nietzsche [ Tradução inglesa Nietzsche and the Metaphysics of the Tragic] e de A Evidência da Possibilidade. A questão modal na fenomenologia de Husserl.
Nuno Ramos de Almeida, jornalista e militante. Jornalista de profissão, foi director dos Cadernos Polítika!, repórter dos programas de reportagem da SIC, director-adjunto do Já e director da revista Focus. Foi militante e dirigente na JCP, PCP e Bloco de Esquerda, e activista do movimento alter-global, tendo estado no grupo que organizou o primeiro Fórum Social Europeu de Florença, na movimentação global contra a guerra do Iraque. Foi coordenador do primeiro Fórum Social Português.
Paulo Raposo é antropólogo, professor no ISCTE e investigador do Centro em Rede de Investigações em Antropologia . Entre outras áreas, tem publicado sobre cultura popular e hibridização, ritual e performance, antropologia visual e património e turismo. Faz parte da Comissão Editorial da revista Etnográfica e colaborador do Jornal A Página. Teve formação de actor e actuou como actor profissional, assistente de encenação, músico e produtor musical durante alguns anos em diversos grupos teatrais de Lisboa.
Ricardo Noronha é bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia e encontra-se neste momento a preparar uma tese de doutoramento sobre a nacionalização da banca no contexto da revolução portuguesa de 1974-75. É investigador do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/Universidade Nova de Lisboa.
Rui Tavares é historiador, cronista no Público e no Blitz e comentador na SIC Notícias. É autor dos livros O Pequeno Livro do Grande Terramoto, Pobre e Mal Agradecido, O Arquitecto e O Regicídio (em co-autoria com Maria Alice Samara).
Silvina Rodrigues Lopes é professora no departamento de Estudos Portugueses da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É autora, entre outros, dos livros A Legitimação em literatura, Exercícios de Aproximação e Literatura: Defesa do Atrito.
domingo, 14 de setembro de 2008
Big Bang e o "Criacionismo Científico"
["Big Bang V2.0", uma apresentação do Dr. Brian Cox do Large Hadron Collider, no CERN, Genebra]
No passado dia 10 de Setembro, ligaram a máquina que visa reproduzir as condições da matéria, nanosegundos depois do Big Bang. De modo mais preciso, um dos objectivos é fazer colidir protões do átomo de hidrogénio a uma velocidade muito próxima da da luz, para que nesse choque se libertem energia e sub-partículas fundamentais que serão registadas e medidas pelos "detectores" - ATLAS e CMS - e que servirão para compreender como surge a massa da matéria, nomeadamente, se for descoberto o "bosão de Higgs" (uma partícula prevista pelo físico Peter Higgs, já nos anos 60, mas) que nenhuma experiência antes permitiu demonstrar. Se esta partícula for revelada experimentalmente, confirma-se o actual "modelo padrão" da física de partículas, ou seja, uma "teoria" que descreve três das quatro interacções fundamentais (fraca, forte e electromagnética; ficando de fora a gravitacional que não é explicada por esta teoria da mecânica quântica, mas antes pela da relatividade geral) entre as partículas elementares que constituem a matéria (:uma teoria quântica de campos desenvolvida nos anos 70). Se não for verificada experimentalmente a existência desta partícula tão procurada, é possível que a "teoria" seja falsificada, abrindo-se um período de crise na física de partículas. Ora este é um ramo da ciência fundamental e a especulação a que tenho assistido é que essa crise seja verdadeiramente tão profunda que prepare uma mudança de paradigma, ou seja, uma autêntica "revolução científica"!
Para outros leigos como eu que queiram obter mais alguma informação sobre o "modelo padrão" e a física de partículas, o site do CERN fornece algumas explicações aqui.
Sobre a teoria das "super-cordas", uma teoria hipotética que explicaria tudo, ou seja, que uniria a actual mecânica quântica com a teoria da relatividade, veja-se aqui.Para outros leigos como eu que queiram obter mais alguma informação sobre o "modelo padrão" e a física de partículas, o site do CERN fornece algumas explicações aqui.
["the Large Hadron Collider", filme de apresentação do acelerador de partículas do CERN, in CERNTV]
sábado, 13 de setembro de 2008
Filosofia e (a-)Teologia
Quase desde o início deste blog que ficou prometido o comentário sobre este tópico, ao mesmo tempo, aparentemente fácil e difícil, o das relações de afinidade entre Filosofia e Teologia. Mas porque, visto de outro modo, a história destas duas eternas rivais sempre foi um pouco a das suas divergências ou, pelo menos, do constante esforço da Filosofia por se autonomizar e afastar da Teologia, falar desta relação é falar da direcção a(nti)teológica da Filosofia.
Se é verdade que a distinção entre as duas nem sempre foi clara - Aristóteles no livro E da Metafísica parece referir-se à Filosofia Primeira como Teologia, ou seja, a maior de todas as ciências teóricas, a que considera o ser enquanto ser (Metafísica, E, 1, 32-33); e durante uma grande parte da Filosofia Medieval (a que Étienne Gilson chama mesmo de Filosofia Cristã) é muitas vezes difícil separar o domínio teológico do domínio filosófico -, também é verdade que um número considerável de filósofos (a começar por Sócrates) foram perseguidos, censurados e excomungados, ora como ímpios, ora como verdadeiros ateus. Com mais força ainda, o movimento de "esclarecimento" da Filosofia sempre foi o de iluminar através da razão os fenómenos do Mundo - ainda que por vezes à custa do espartilho abstracto do conceito que o desencanta e da articulação mecânica do sistema que sobre ele discorre -, enquanto a Teologia visa responder a uma urgência de justificação, pela razão, de Deus e do mistério da Criação - entendida aqui como o mundo criado -, conservando, no entanto, essa justificação nos limites entre o entendimento e a fé.
Evidentemente, houve muitos pontos de contacto entre a empresa filosófica e a empresa teológica, sobretudo desde o advento do cristianismo que dominou a Filosofia Ocidental desde o final da antiguidade até, pelo menos, ao século XVII (e cuja influência não parou por aí, obviamente). Claro que estas relações já existiam em contexto hebraico e voltaram a existir (talvez até de modo mais reforçado) no contexto islâmico, mas também aí houve muitos casos de suspeita de ateísmo sobre alguns filósofos mais ousados. Com efeito, as afinidades entre os dois domínios resultaram muitas vezes de um esforço de reconciliação entre uma tradição pagã (nomeadamente, helenística) e um contexto religioso, onde germinava uma ambição especulativa e se criava um sistema doutrinal, cuja natureza especulativa necessitava de uma legitimação racional. E essa reconciliação foi possível pela proximidade dos seus anseios metafísicos, pela equivocidade da sua linguagem e pela comunhão de um velho princípio parmenidiano que postulava a unidade do Ser. Mas a paz "pré-westefaliana" da sua co-habitação foi mantida apenas na medida em que uma se reconhecesse como "ancilla" da outra. Qualquer movimento de autonomização por parte da "ancilla" era considerado como herético e condenado (Giordano Bruno ou Galileu, em contexto cristão). A partir do momento em que o princípio da secularização foi proclamado, inaugurou-se outro tipo de paz ("pós-westefaliana") baseado na separação entre os dois domínios (tornando possível o século das Luzes e a Aufklärung, onde a criticismo kantiano iria exprimir filosoficamente essa secularização pacífica). Mas como os maus hábitos custam a desaparecer, muitos foram os filósofos que, mesmo depois de 1648, ainda foram excomungados (Espinosa, em contexto judeu) ou viram as suas carreiras académicas interrompidas (Fichte, já no final do século XVIII) pelos seus propósitos "heréticos". E se a linguagem ambígua dos românticos e dos idealistas ainda sugeria uma aproximação das duas disciplinas, os casos de "ateísmo" ou de "agnosticismo" filosófico multiplicaram-se a partir de meados do século XIX.
Todavia, a perspectiva pós-moderna (num sentido lato que a faz começar com Nietzsche) da história da filosofia revelou a persistência de uma matriz onto-teológica na metafísica ocidental em geral. E, mesmo no século XX, sobretudo em momentos de crise pós-traumática, ressurgiram derivas teológicas da filosofia, (nomeadamente, o personalismo de E. Mounier, a fenomenologia francesa da segunda metade do século, com Levinas, Jean-Luc Marion ou Michel Henry e uma certa hermenêutica). Por outro lado, os "gritos" de reivindicação ateísta perderam a sua intensidade devido à progressiva laicização do pensamento filosófico. No entanto, em resposta ao "desencantamento do mundo", à tecnocratização das relações sociais e políticas, ao esvaziamento axiológico na moral capitalista e à aniquilação do sentido da história, viu-se, no final do século XX e continua a ver-se no princípio deste século XXI, o recrudescimento das manifestações religiosas mais conservadoras e fundamentalistas. Por isso, designadamanente do outro lado do Atlântico (Daniel Dennett e Richard Dawkins) e em resposta a esse neo-conservadorismo, têm-se levantado vozes filosóficas que afirmam um materialismo extremo, apoiado nas neurociências, na genética, no avanço das novas tecnologias e na biologia evolucionista, fazendo-se acompanhar da profissão de um "ateísmo forte" ou "ateologia", propondo argumentos de vários tipos para desacreditar a teologia e as religiões em geral.
Na Europa, a "ateologia" encontrou uma voz (Michel Onfray) que, em vez de argumentar com a eficácia da ciência contra a inevidência e obscuridade da teologia, resolveu denunciar, através de uma contra-história da filosofia, a influência perniciosa do cristianismo no pensamento ocidental, fazendo, ao mesmo tempo, a apologia de uma ressurreição da vertente epicurista, mas também hedonista, da filosofia pagã e dos seus avatares modernos libertinos, libertários e anarquistas.
Porém, e independentemente de tudo isto, há ainda uma grande diferença epistemológica definitiva entre filosofia e teologia. Enquanto a teologia tem um objecto de estudo definido - Deus, a palavra divina (revelada no Livro e/ou na manifestação de Deus na História) e as relações entre Deus e o homem (que podem incluir as relações com os outros homens sob o signo da instituição religiosa) -, a filosofia tem antes um campo problemático aberto e não um objecto de estudo específico, onde, eventualmente também aparece a religião, Deus, a alma, entre outras questões metafísicas que, por vezes, se cruzam com as da teologia, mas que nem por isso se sobrepõem.
Se é verdade que a distinção entre as duas nem sempre foi clara - Aristóteles no livro E da Metafísica parece referir-se à Filosofia Primeira como Teologia, ou seja, a maior de todas as ciências teóricas, a que considera o ser enquanto ser (Metafísica, E, 1, 32-33); e durante uma grande parte da Filosofia Medieval (a que Étienne Gilson chama mesmo de Filosofia Cristã) é muitas vezes difícil separar o domínio teológico do domínio filosófico -, também é verdade que um número considerável de filósofos (a começar por Sócrates) foram perseguidos, censurados e excomungados, ora como ímpios, ora como verdadeiros ateus. Com mais força ainda, o movimento de "esclarecimento" da Filosofia sempre foi o de iluminar através da razão os fenómenos do Mundo - ainda que por vezes à custa do espartilho abstracto do conceito que o desencanta e da articulação mecânica do sistema que sobre ele discorre -, enquanto a Teologia visa responder a uma urgência de justificação, pela razão, de Deus e do mistério da Criação - entendida aqui como o mundo criado -, conservando, no entanto, essa justificação nos limites entre o entendimento e a fé.
Evidentemente, houve muitos pontos de contacto entre a empresa filosófica e a empresa teológica, sobretudo desde o advento do cristianismo que dominou a Filosofia Ocidental desde o final da antiguidade até, pelo menos, ao século XVII (e cuja influência não parou por aí, obviamente). Claro que estas relações já existiam em contexto hebraico e voltaram a existir (talvez até de modo mais reforçado) no contexto islâmico, mas também aí houve muitos casos de suspeita de ateísmo sobre alguns filósofos mais ousados. Com efeito, as afinidades entre os dois domínios resultaram muitas vezes de um esforço de reconciliação entre uma tradição pagã (nomeadamente, helenística) e um contexto religioso, onde germinava uma ambição especulativa e se criava um sistema doutrinal, cuja natureza especulativa necessitava de uma legitimação racional. E essa reconciliação foi possível pela proximidade dos seus anseios metafísicos, pela equivocidade da sua linguagem e pela comunhão de um velho princípio parmenidiano que postulava a unidade do Ser. Mas a paz "pré-westefaliana" da sua co-habitação foi mantida apenas na medida em que uma se reconhecesse como "ancilla" da outra. Qualquer movimento de autonomização por parte da "ancilla" era considerado como herético e condenado (Giordano Bruno ou Galileu, em contexto cristão). A partir do momento em que o princípio da secularização foi proclamado, inaugurou-se outro tipo de paz ("pós-westefaliana") baseado na separação entre os dois domínios (tornando possível o século das Luzes e a Aufklärung, onde a criticismo kantiano iria exprimir filosoficamente essa secularização pacífica). Mas como os maus hábitos custam a desaparecer, muitos foram os filósofos que, mesmo depois de 1648, ainda foram excomungados (Espinosa, em contexto judeu) ou viram as suas carreiras académicas interrompidas (Fichte, já no final do século XVIII) pelos seus propósitos "heréticos". E se a linguagem ambígua dos românticos e dos idealistas ainda sugeria uma aproximação das duas disciplinas, os casos de "ateísmo" ou de "agnosticismo" filosófico multiplicaram-se a partir de meados do século XIX.
Todavia, a perspectiva pós-moderna (num sentido lato que a faz começar com Nietzsche) da história da filosofia revelou a persistência de uma matriz onto-teológica na metafísica ocidental em geral. E, mesmo no século XX, sobretudo em momentos de crise pós-traumática, ressurgiram derivas teológicas da filosofia, (nomeadamente, o personalismo de E. Mounier, a fenomenologia francesa da segunda metade do século, com Levinas, Jean-Luc Marion ou Michel Henry e uma certa hermenêutica). Por outro lado, os "gritos" de reivindicação ateísta perderam a sua intensidade devido à progressiva laicização do pensamento filosófico. No entanto, em resposta ao "desencantamento do mundo", à tecnocratização das relações sociais e políticas, ao esvaziamento axiológico na moral capitalista e à aniquilação do sentido da história, viu-se, no final do século XX e continua a ver-se no princípio deste século XXI, o recrudescimento das manifestações religiosas mais conservadoras e fundamentalistas. Por isso, designadamanente do outro lado do Atlântico (Daniel Dennett e Richard Dawkins) e em resposta a esse neo-conservadorismo, têm-se levantado vozes filosóficas que afirmam um materialismo extremo, apoiado nas neurociências, na genética, no avanço das novas tecnologias e na biologia evolucionista, fazendo-se acompanhar da profissão de um "ateísmo forte" ou "ateologia", propondo argumentos de vários tipos para desacreditar a teologia e as religiões em geral.
Na Europa, a "ateologia" encontrou uma voz (Michel Onfray) que, em vez de argumentar com a eficácia da ciência contra a inevidência e obscuridade da teologia, resolveu denunciar, através de uma contra-história da filosofia, a influência perniciosa do cristianismo no pensamento ocidental, fazendo, ao mesmo tempo, a apologia de uma ressurreição da vertente epicurista, mas também hedonista, da filosofia pagã e dos seus avatares modernos libertinos, libertários e anarquistas.
Porém, e independentemente de tudo isto, há ainda uma grande diferença epistemológica definitiva entre filosofia e teologia. Enquanto a teologia tem um objecto de estudo definido - Deus, a palavra divina (revelada no Livro e/ou na manifestação de Deus na História) e as relações entre Deus e o homem (que podem incluir as relações com os outros homens sob o signo da instituição religiosa) -, a filosofia tem antes um campo problemático aberto e não um objecto de estudo específico, onde, eventualmente também aparece a religião, Deus, a alma, entre outras questões metafísicas que, por vezes, se cruzam com as da teologia, mas que nem por isso se sobrepõem.
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Blitzkrieg
Faz hoje 69 anos que a Alemanha invadiu a Polónia, numa agressiva operação que ficou conhecida como "Blitzkrieg" - a guerra relâmpago - dando assim início à 2ª Guerra Mundial. A estratégia escolhida pelo exército alemão parece ter iniciado aquilo a que, para abusar dos termos de Paul Virilio, poderíamos chamar de "Era Dromológica", e ter servido de modelo a outras "invasões" contemporâneas mais recentes. A transformação da percepção do tempo e do espaço nestas novas guerras contribuíu, porém, sobretudo para produzir excrecências espectaculares de imagens histéricas, esvaziadas de conteúdo ontológico. É o espectáculo mágico, de que fala Virilio, cujo temor é semelhante ao que inspiravam os relâmpagos nos homens primitivos.
[Cenas de combate durante a invasão da Polónia, num jornal de Propaganda e Guerra alemão Ufa Ton-Woche, 1939]
"A guerra não se pode separar do espectáculo mágico, porque a produção do espectáculo é o seu próprio objectivo: abater o adversário é menos capturá-lo do que cativá-lo, é inflingir-lhe, antes da morte, o pavor da morte."
Paul Virilio, in "Logistique de la perception - Guerre et Cinéma", citado e traduzido por Edmundo Cordeiro no prefácio de "Velocidade de Libertação".
domingo, 31 de agosto de 2008
Platão e um ornitorrinco...
Há, exactamente, um mês atrás eu falava aqui de um livro de dois autores americanos (T. Cathcart e D. Klein) que se propuseram falar de filosofia e da sua história através de anedotas.
Ontem à noite, passei pela Fnac de Coimbra e lá estava o livro, na sua tradução portuguesa, editado pela Dom Quixote (num acesso de megalomania paranóica pensei que talvez a lamentação neste blog de que ainda não havia uma tradução portuguesa tenha tido algum eco) neste mês de Agosto. Seja como for, vi-o muito apressadamente e depois de uma brevíssima busca online apercebi-me de que o mesmo livro, com a mesma capa fora já editado (também este ano) no Brasil, pela editora Objectiva, traduzido por José Rubens Siqueira. Não sei se a versão da Dom Quixote é apenas uma adaptação para o português da metrópole (não sei por quanto tempo me será permitido fazer uma afirmação destas) ou se é uma nova tradução. Confesso que não reparei no nome do tradutor e o site da Dom Quixote não mostra essa informação. Mas para quem quiser ler, já o pode fazer directamente em português.
Update:
Entretanto tive a oportunidade de regressar à Fnac e verificar que a tradução é portuguesa e foi feita por Isabel Veríssimo.
Ontem à noite, passei pela Fnac de Coimbra e lá estava o livro, na sua tradução portuguesa, editado pela Dom Quixote (num acesso de megalomania paranóica pensei que talvez a lamentação neste blog de que ainda não havia uma tradução portuguesa tenha tido algum eco) neste mês de Agosto. Seja como for, vi-o muito apressadamente e depois de uma brevíssima busca online apercebi-me de que o mesmo livro, com a mesma capa fora já editado (também este ano) no Brasil, pela editora Objectiva, traduzido por José Rubens Siqueira. Não sei se a versão da Dom Quixote é apenas uma adaptação para o português da metrópole (não sei por quanto tempo me será permitido fazer uma afirmação destas) ou se é uma nova tradução. Confesso que não reparei no nome do tradutor e o site da Dom Quixote não mostra essa informação. Mas para quem quiser ler, já o pode fazer directamente em português.
Update:
Entretanto tive a oportunidade de regressar à Fnac e verificar que a tradução é portuguesa e foi feita por Isabel Veríssimo.
Os americanos e a filosofia analítica
Uma das tentações mais imediatas ao falar de filosofia americana (pelo menos para mim) é associá-la à Filosofia Analítica. Esta associação é legítima, num certo sentido, mas pode ser contraproducente se a tomarmos como uma identificação. Com efeito, grande parte da filosofia que se pratica nos EUA, hoje em dia, como aliás em todo o mundo anglo-saxónico e, a pouco e pouco, também na velha Europa (e Portugal não é excepção), pode incluir-se nesse âmbito cada vez maior, mas também cada vez menos bem definido da "Filosofia Analítica". Pois se na primeira metade do século XX, sobretudo nas décadas de 30 e 40, se conseguia identificar a Filosofia Analítica com um método, estilo e temas bem definidos - o carácter lógico-linguístico do filosofar e a análise do sentido e da referência dos enunciados científicos -, neste início de século XXI o conteúdo temático desse estilo, que continua a privilegiar o rigor racional e analítico, alargou-se a todos os temas tradicionais da filosofia, incluindo aqueles que a princípio recusou (nomeadamente a Metafísica, a Moral, a Política e mesmo a História da Filosofia) para dela se distanciar. Pode assim dizer-se que a maior parte dos filósofos (profissionais) americanos praticam filosofia num estilo "analítico", mas nunca que a filosofia americana (se esta existe) é analítica.
Desde logo, as origens da Filosofia Analítica encontram-se na Velha Europa de Frege, Russel, Moore e Wittgenstein, ainda que desde o início tivesse havido uma "insularidade" própria do movimento analítico, já que nasceu propriamente em Inglaterra (Cambridge), mesmo que partindo de filósofos continentais (Frege, Wittgenstein, e, porque não, Bolzano). Mas a oposição Filosofia Analítica/Filosofia Continental só apareceria, na verdade, durante e após a 2ª Guerra Mundial, em virtude do fluxo migratório dos principais pensadores dessa "escola", perseguidos pelo regime Nazi, instalando-se na Grã-Bretanha, mas sobretudo nos EUA. Para trás (no continente) ficavam os filósofos mais conservadores da linha historicista e idealista e alguns vanguardistas, rapidamente silenciados, da linha fenomenológica, para não falar dos que, mesmo nesta linha, se associaram ao regime totalitário. Neste momento sim, começa uma fácil conotação geográfica da filosofia analítica com a filosofia praticada nos EUA, e só a partir daí vão surgir os primeiros pensadores americanos da tradição analítica.
Porém, para ser rigoroso, deve dizer-se que o primeiro grande nome americano da filosofia analítica - W. O. Quine - seria um dos primeiros críticos internos que começavam a transformar a tradição mais conservadora, contribuindo para afastar o carácter mais positivista e restabelecer a dignidade filosófica da metafísica dentro da "ilha inter-atlântica" da Filosofia Analítica (do outro lado do Atlântico, foi por exemplo o inglês Strawson quem contribuíu para a reabilitação da metafísica numa versão pós-wittgensteiniana da Filosofia Analítica centrada na análise da Linguagem Corrente). Outros filósofos americanos apareceram na segunda metade do século XX que contribuíram para transformar o aspecto da Filosofia Analítica e a dominar as atenções que se lhe dirigiam: John R. Searle (formado ainda em Oxford, Inglaterra, e partindo da sua colaboração com J. L. Austin), Saul Kripke, Donald Davidson e Hilary Putnam (focados na lógica modal, teorias da verdade e da referência). O filósofo Richard Rorty contribuiria por sua vez para recuperar uma perspectiva pragmática, mais especificamente americana, e relativizar o estilo e os temas da Filosofia Analítica, numa atitude mais favorável à "Filosofia Continental" e às teorias pós-estruturalistas que dali vinham para perturbar a paz a-histórica e associal dos departamentos americanos de filosofia.
Sendo assim, se a maior parte da filosofia que se pratica hoje nos EUA ainda é no estilo "analítico", a verdade é que ela não é especificamente americana e, para além disso, muitos americanos contribuíram para a auto-crítica e redefinição da própria Filosofia Analítica. O que não anula o facto de que a maior parte dos grandes nomes da Filosofia Analítica da 2ª metade do séc. XX terem sido precisamente americanos.
Para este brevíssimo comentário muito contribuiu a leitura de uma introdução escrita por John R. Searle no The Blackwell Company to Philosophy, chamada "Contemporary Philosophy in the United States", que é uma sucinta mas muito lúcida reflexão sobre a evolução da filosofia americana recente no contexto da Filosofia Analítica; e um outro livro do suíço Hans-Johann Glock, editado este ano pela Cambridge University Press, chamado "What is Analytic Philosophy?" que, como o próprio nome indica, contribui para que melhor compreendamos - por exemplo eu que pouco ou nada sei sobre ela - o que é e com que problemas se defronta hoje a Filosofia Analítica.
Desde logo, as origens da Filosofia Analítica encontram-se na Velha Europa de Frege, Russel, Moore e Wittgenstein, ainda que desde o início tivesse havido uma "insularidade" própria do movimento analítico, já que nasceu propriamente em Inglaterra (Cambridge), mesmo que partindo de filósofos continentais (Frege, Wittgenstein, e, porque não, Bolzano). Mas a oposição Filosofia Analítica/Filosofia Continental só apareceria, na verdade, durante e após a 2ª Guerra Mundial, em virtude do fluxo migratório dos principais pensadores dessa "escola", perseguidos pelo regime Nazi, instalando-se na Grã-Bretanha, mas sobretudo nos EUA. Para trás (no continente) ficavam os filósofos mais conservadores da linha historicista e idealista e alguns vanguardistas, rapidamente silenciados, da linha fenomenológica, para não falar dos que, mesmo nesta linha, se associaram ao regime totalitário. Neste momento sim, começa uma fácil conotação geográfica da filosofia analítica com a filosofia praticada nos EUA, e só a partir daí vão surgir os primeiros pensadores americanos da tradição analítica.
Porém, para ser rigoroso, deve dizer-se que o primeiro grande nome americano da filosofia analítica - W. O. Quine - seria um dos primeiros críticos internos que começavam a transformar a tradição mais conservadora, contribuindo para afastar o carácter mais positivista e restabelecer a dignidade filosófica da metafísica dentro da "ilha inter-atlântica" da Filosofia Analítica (do outro lado do Atlântico, foi por exemplo o inglês Strawson quem contribuíu para a reabilitação da metafísica numa versão pós-wittgensteiniana da Filosofia Analítica centrada na análise da Linguagem Corrente). Outros filósofos americanos apareceram na segunda metade do século XX que contribuíram para transformar o aspecto da Filosofia Analítica e a dominar as atenções que se lhe dirigiam: John R. Searle (formado ainda em Oxford, Inglaterra, e partindo da sua colaboração com J. L. Austin), Saul Kripke, Donald Davidson e Hilary Putnam (focados na lógica modal, teorias da verdade e da referência). O filósofo Richard Rorty contribuiria por sua vez para recuperar uma perspectiva pragmática, mais especificamente americana, e relativizar o estilo e os temas da Filosofia Analítica, numa atitude mais favorável à "Filosofia Continental" e às teorias pós-estruturalistas que dali vinham para perturbar a paz a-histórica e associal dos departamentos americanos de filosofia.
Sendo assim, se a maior parte da filosofia que se pratica hoje nos EUA ainda é no estilo "analítico", a verdade é que ela não é especificamente americana e, para além disso, muitos americanos contribuíram para a auto-crítica e redefinição da própria Filosofia Analítica. O que não anula o facto de que a maior parte dos grandes nomes da Filosofia Analítica da 2ª metade do séc. XX terem sido precisamente americanos.
Para este brevíssimo comentário muito contribuiu a leitura de uma introdução escrita por John R. Searle no The Blackwell Company to Philosophy, chamada "Contemporary Philosophy in the United States", que é uma sucinta mas muito lúcida reflexão sobre a evolução da filosofia americana recente no contexto da Filosofia Analítica; e um outro livro do suíço Hans-Johann Glock, editado este ano pela Cambridge University Press, chamado "What is Analytic Philosophy?" que, como o próprio nome indica, contribui para que melhor compreendamos - por exemplo eu que pouco ou nada sei sobre ela - o que é e com que problemas se defronta hoje a Filosofia Analítica.
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
What's the deal with american philosophy?
[Excerto de "American Philosopher", um documentário de Phillip McReynolds]
Não obstante estarmos em plena "silly season", decidi começar uma série de "posts" (a que vos convido a participar e a contribuir com o que puderem, claro) sobre um tema que me tem vindo a intrigar desde há uns tempos. O que sabemos nós da filosofia americana? Os EUA são (ainda) a maior potência mundial a muitos níveis e, no entanto, é legítimo perguntar: haverá uma filosofia americana ou apenas filosofia na América (dúvida semelhante à que se põe quanto à filosofia em Portugal)? Quem são (quem foram) os grandes filósofos americanos ou quem são os grandes filósofos que pensaram na América e/ou a partir da América? (Desculpem-me os restantes países do continente americano, mas uso América no tradicional sentido de EUA.) Nomes como Peirce, Quine, Putnam, Rorty ou Davidson não são absolutamente desconhecidos, mas quem falou alguma vez de Saul Kripke no nosso curso conimbricense (sabendo que em alguns institutos de filosofia do nosso país ele é considerado um dos maiores filósofos do século XX)? Porque é que apesar de tudo isto, os nomes famosos da filosofia francesa (e o "French Thought" por alguma razão obteve esta designação) da segunda metade do século XX tiveram de passar pelas universidades americanas para se ouvir falar deles? Concerteza que haverá um enorme número de razões sociais, económicas e políticas que explicam a força de legitimação das universidades americanas, mas com tudo isso e/ou apesar disso, qual a força da expressão do pensamento americano na intelligentsia europeia? A analogia (apesar das vertigens que esta promete) com o império romano salta-me logo ao espírito, pois apesar de dominar o mundo nos séculos finais do mundo antigo, que filosofia original produziu, que grandes filósofos fez nascer que não fossem versões latinas de uma ou duas escolas de pensamento grego? (Não estou a querer diminuir a importância de Séneca, Lucrécio, Epicteto, Cícero ou mesmo Marco Aurélio ou dos comentadores de Aristóteles como Alexandre de Afrodísia e Clemente de Alexandria, mas não foram eles actualizações de escolas gregas num diferente contexto político e civilizacional?) Nestes tempos conturbados e confusos onde alguns viram o fim dos tempos modernos, qual foi/é/poderá vir a ser o contributo do pensamento americano para a história ou histórias da filosofia?
For starters: Internet Encyclopedia of Philosophy
Society for the advancement of american philosophy
A Brief History of American Philosophy
For starters: Internet Encyclopedia of Philosophy
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A Brief History of American Philosophy
quinta-feira, 31 de julho de 2008
Philogelos
Chegou o Verão (há já quarenta dias, pelas minhas contas, mas não faz mal). É tempo de descontrair, ir para a praia ou ir viajar, romper com a rotina... mas a filosofia nunca vai de férias! E, mesmo a brincar, parece que está sempre em actividade. Dir-se-ia que os filósofos não sabem ou não conseguem brincar. Com efeito, os filósofos não são muito famosos pelo seu sentido de humor, mais facilmente serão retratados como seres melancólicos, com os olhos perdidos no infinito a pensarem ...na morte da bezerra! É que, apesar disso ou talvez por isso mesmo, as primeiras obras que contaram histórias de filósofos, apresentaram-nos como seres tão alheados da realidade e do presente, que caíam em poços. São assim listas de anedotas as primeiras "histórias de filósofos". Mas a história da filosofia (que, apesar das aparências, não é a mesma coisa) raramente conta anedotas. Aliás, a relação das anedotas e do riso, salvo raras mas conhecidas excepções, com a filosofia não é das mais evidentes. (Já a ironia e o sarcasmo dos filósofos são uma outra história.) O philosophos não é um philogelos, ou seja, o amigo da sabedoria não é (não parece) um amigo do riso. Porém, a história dos filósofos é quase tão antiga como a história das anedotas. A mais antiga recolha de anedotas gregas dos séculos IV-III a.c. chamou-se precisamente Philogelos e tem visto nos últimos anos algumas re-edições e traduções em várias línguas. Algumas anedotas podem ler-se aqui em inglês. Quem quiser comprar ou ler em francês, este ano saíu uma edição extremamente barata na pequena colecção da Mille et Une Nuits (3 Euros!)
E como estamos de férias, porque não falar também da filosofia através de anedotas. Foi do que se lembraram Thomas Cathcart e Daniel Klein, dois colegas de curso em Harvard nos inícios de 60 que decidiram agora juntar esforços para dar algum sentido de humor às ideias filosóficas em "Plato and a Platypus Walk Into a Bar – Understanding Philosophy Through Jokes", acabadinho de ser editado em paperback pela Penguin (a edição hardback é do ano passado), mas também em “Aristotle and an Aardvark Go to Washington” (editado este ano pela Abrams Image) e na futura edição de “Heidegger and a Hippo Walk through Those Pearly Gates.” Os senhores têm um site em construção, onde explicam o propósito do livro e o promovem, aqui. O primeiro livro já foi traduzido em várias línguas, mas ainda não há um "Platão e um ornitorrinco entram num bar...". Para quem preferir em francês, as Éditions du Seuil já se adiantaram num previsível êxito editorial.
Estas leituras foram-me sugeridas pelo número de Julho-Agosto da revista Philosophie Magazine, para quem não conhece, aqui.
Isto (não) é publicidade!
E como estamos de férias, porque não falar também da filosofia através de anedotas. Foi do que se lembraram Thomas Cathcart e Daniel Klein, dois colegas de curso em Harvard nos inícios de 60 que decidiram agora juntar esforços para dar algum sentido de humor às ideias filosóficas em "Plato and a Platypus Walk Into a Bar – Understanding Philosophy Through Jokes", acabadinho de ser editado em paperback pela Penguin (a edição hardback é do ano passado), mas também em “Aristotle and an Aardvark Go to Washington” (editado este ano pela Abrams Image) e na futura edição de “Heidegger and a Hippo Walk through Those Pearly Gates.” Os senhores têm um site em construção, onde explicam o propósito do livro e o promovem, aqui. O primeiro livro já foi traduzido em várias línguas, mas ainda não há um "Platão e um ornitorrinco entram num bar...". Para quem preferir em francês, as Éditions du Seuil já se adiantaram num previsível êxito editorial.
Estas leituras foram-me sugeridas pelo número de Julho-Agosto da revista Philosophie Magazine, para quem não conhece, aqui.
Isto (não) é publicidade!
terça-feira, 29 de julho de 2008
quinta-feira, 5 de junho de 2008
E porque este é (de certezinha!) o melhor dos mundos possíveis....
...vou presentear-vos com uma descoberta recente (tem cerca de 5 minutos) que fiz na Internet. Tinha acabado de descarregar uma obra sobre o Leibniz do Lloyd Strickland e resolvi buscar alguma informação sobre o autor. Nisto deparei-me com um site cujo responsável é o próprio Lloyd Strickland. O site é dedicado à tradução de textos do filósofo alemão, textos breves como cartas, pequenos ensaios ou aforismos por exemplo, que foram traduzidas para inglês. Alguns desses textos estão pela primeira vez traduzidos.
Já no próprio site existe uma listagem de sites, sendo que um deles é dedicado à filosofia moderna e tem, por sua vez, alguns textos de autores modernos disponíveis. É mais um para a lista. Reparei contudo que há um problema qualquer com os ficheiros em pdf, porque não consegui abrir um único. Mas pode ser do tempo. Experimentem.
Ressalvo contudo que talvez não precisemos de ler mais nada do Leibniz, visto que alguns de nós tiveram um semestre inteiro de estudo aturado deste autor, e um de nós em particular dedicou algumas horas à leitura pública (leia-se, em aula) daquela magnífica introdução (do Adelino Cardoso?) à edição portuguesa dos Novos Ensaios sobre Entendimento Humano. Um bem haja para esse jovem leitor, que muito contribuiu para o conhecimento do pensamento leibniziano. Presenciei de perto esse momento de rara beleza filosófica. Obrigado.
http://www.leibniz-translations.com/
http://www.earlymoderntexts.com/
Já no próprio site existe uma listagem de sites, sendo que um deles é dedicado à filosofia moderna e tem, por sua vez, alguns textos de autores modernos disponíveis. É mais um para a lista. Reparei contudo que há um problema qualquer com os ficheiros em pdf, porque não consegui abrir um único. Mas pode ser do tempo. Experimentem.
Ressalvo contudo que talvez não precisemos de ler mais nada do Leibniz, visto que alguns de nós tiveram um semestre inteiro de estudo aturado deste autor, e um de nós em particular dedicou algumas horas à leitura pública (leia-se, em aula) daquela magnífica introdução (do Adelino Cardoso?) à edição portuguesa dos Novos Ensaios sobre Entendimento Humano. Um bem haja para esse jovem leitor, que muito contribuiu para o conhecimento do pensamento leibniziano. Presenciei de perto esse momento de rara beleza filosófica. Obrigado.
http://www.leibniz-translations.com/
http://www.earlymoderntexts.com/
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Pode a Honda acabar com o terrorismo?
Será interessante pensar o que terá a filosofia que ver com o espaço público actual e qual o papel que ai ela pode assumir. Esse espaço público parece hoje possuir cada vez mais os contornos de um verdadeiro mercado de informação, onde é possível classificar e tematizar qualquer mensagem, segundo um critério de oferta-procura. Toda a mensagem pública já tem o seu público-alvo. Pouco falta para o discurso político, que interessa a todos, ser arrumado num canal pay-per-view, onde os fãs da cena política têm o seu espaço de diversão. Propunha, talvez, a criação de um canal "Filosofia".
Assim, qualquer texto (num sentido lato do termo), por mais sério que possa ser, mesmo que o seu conteúdo seja o mais delicado e comprometedor possível, pode tornar-se num excelente spot publicitário. Ora vejam lá o video...
Assim, qualquer texto (num sentido lato do termo), por mais sério que possa ser, mesmo que o seu conteúdo seja o mais delicado e comprometedor possível, pode tornar-se num excelente spot publicitário. Ora vejam lá o video...
segunda-feira, 26 de maio de 2008
Update (68 e tal)
Bem, um breve post só para dizer que me esqueci do mais engraçado.
André Glucksmann é um filósofo francês de quem nunca li nenhum livro e por isso não arrisco nenhuma "definição". No entanto, é sabido que na sua juventude foi um dos combateu, como maoísta, no Maio de 68 e que desde então se foi exprimindo política e filosoficamente, sobretudo contra todo o tipo de totalitarismo (do nazismo ao comunismo), numa posição semelhante à de Bernard Henri-Levy, mas também defendendo certas intervenções militarizadas em países como a Nicarágua e o Iraque. No ano passado, decidiu, contra um alegado imobilismo e sobrevalorização moral da esquerda francesa, apoiar abertamente a candidatura de Nicolas Sarkozy. Quando em Abril de 2007, o actual presidente francês se pronunciou contra a "ideologia" do Maio de 68, ficou preocupado e, juntamente com o seu filho, Raphael Glucksmann, o qual ficou chocado com as declarações de Sarkozy, mas ainda mais com o facto de esse ser o candidato apoiado pelo seu pai, que sempre lhe havia falado do Maio de 68, decidiu escrever um livro humoradamente chamado "Mai 68 expliqué à Nicolas Sarkozy". O livro foi já traduzido para português e editado pela Guerra e Paz.
André Glucksmann é um filósofo francês de quem nunca li nenhum livro e por isso não arrisco nenhuma "definição". No entanto, é sabido que na sua juventude foi um dos combateu, como maoísta, no Maio de 68 e que desde então se foi exprimindo política e filosoficamente, sobretudo contra todo o tipo de totalitarismo (do nazismo ao comunismo), numa posição semelhante à de Bernard Henri-Levy, mas também defendendo certas intervenções militarizadas em países como a Nicarágua e o Iraque. No ano passado, decidiu, contra um alegado imobilismo e sobrevalorização moral da esquerda francesa, apoiar abertamente a candidatura de Nicolas Sarkozy. Quando em Abril de 2007, o actual presidente francês se pronunciou contra a "ideologia" do Maio de 68, ficou preocupado e, juntamente com o seu filho, Raphael Glucksmann, o qual ficou chocado com as declarações de Sarkozy, mas ainda mais com o facto de esse ser o candidato apoiado pelo seu pai, que sempre lhe havia falado do Maio de 68, decidiu escrever um livro humoradamente chamado "Mai 68 expliqué à Nicolas Sarkozy". O livro foi já traduzido para português e editado pela Guerra e Paz.
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Contra-história e hermenêutica revisionista
«Les héritiers de Mai 68 avaient imposé l'idée que tout se valait, qu'il n'y avait donc désormais aucune différence entre le bien et le mal, aucune différence entre le vrai et le faux, entre le beau et le laid. Ils avaient cherché à faire croire que l'élève valait le maître [...], que la victime comptait moins que le délinquant.» «Il n'y avait plus de valeurs, plus de hiérarchie» [...]. Dans cette élection, il s'agit de savoir si l'héritage de Mai 68 doit être perpétué, ou s'il doit être liquidé une bonne fois pour toutes»
Nicolas Sarkozy, Abril de 2007 (durante a sua campanha presidencial)
Nicolas Sarkozy, Abril de 2007 (durante a sua campanha presidencial)
As comemorações dos quarenta anos de Maio de 68 acontecem numa época pouco propícia a saudosismos, bem pelo contrário, o actual presidente francês, Nicolas Sarkozy, anunciou na sua campanha a sua missão de acabar com a "ideologia" do Maio de 68, que, segundo ele, representa a anarquia e o relativismo moral em detrimento dos valores tradicionais. A atitude do presidente não é, porém, uma manifestação isolada nem espontânea, antes é sustentada por uma história, quase tão longa como o tempo que nos separa daqueles acontecimentos, uma história de críticas e de oposição ao pensamento conotado com aquela "revolução abortada". Uma das mais conhecidas e mais severas mas sustentadas análises críticas foi já publicada em meados dos anos 80, por Luc Ferry e Alain Renaut, com "La Pensée 68 - Essai sur l'Anti-Humanisme Contemporain" (Gallimard, 1985), onde os autores atacam a alegada distorção da história feita por Michel Foucault, as inexactas e pouco científicas análises "marxistas" de Pierre Bourdieu, os golpes mortais de Lacan desferidos sobre o "sujeito" e a "empresa de repetição" superficial da obra de Heidegger feita por Derrida. Apesar de uma clareza de raciocínio insuspeita, a crítica visaria uma revalorização do "humanismo", reintroduzindo um certo iluminismo kantiano contra uma tradição da suspeita (Marx, Nietsche, Heidegger), mas com um indisfarçável tom de "ajuste de contas". Outros autores (Rawls, Habermas e agora Ratzinger-Sarkozy, descontadas as assimetrias e ressalvando as devidas distâncias, evidentemente) e outras obras se seguiram numa polémica que por vezes se cruzou com as discussões confusas sobre o "pós-modernismo", entre outras "imposturas intelectuais".
Longe de ver um fim, esta discussão viu este ano a edição de uma outra obra "La Pensée anti-68 - Essai sur les origines d'une restauration intellectuelle" (Éditions de La Découverte), de Serge Audier, que, segundo parece, pretende fazer uma análise profunda e sistemática destas posições antagónicas, no contexto da sua pluralidade.
O revisionismo histórico e intelectual não é nenhuma novidade, mas se por vezes encobre "obscuras" intenções ou uma certa "má-fé", tem pelo menos a virtude de aguçar o espírito crítico e alertar para o inevitável relativismo dessas mesmas posições de releitura da história das ideias. Por outro lado, se a contra-história revela a insustentabilidade das pretensões objectivistas, ela própria se expõe às iniquidades do perspectivismo. E porque sobre o melhor pano cai a nódoa, cito uma crítica à recente obra de Michel Onfray, "Le Songe d'Eichmann", feita por Patrice Bolon no nº deste mês de uma revista muito conhecida que não refiro, para não me acusarem de fazer publicidade gratuita:
"Comme le rappelle Hannah Arendt dans Eichmann à Jérusalem, lors de son procès, l'organisateur de la déportation des juifs se réclama, à la surprise générale, de Kant. Il n'avait jamais lu Mein Kampf, mais connaissait très bien la Critique de la Raison Pratique, dont son père, un chef d'entreprise luthérien, l'avait imbibé dans sa jeunesse. Interrogé par l'avocat général, Eichmann donna d'ailleurs une formulation tout à fait fidèle de l'"impératif catégorique".
C'est en partant de ce fait que Michel Onfray s'interroge sur les liens entre le kantisme et le nazisme. Ce n'est pas que l'auteur des Critiques aurait "poussé" Eichmann vers le nazisme, mais rien dans son oeuvre, soutient Onfray, ne l'en a dissuadé. Et de rappeler qu'il n'y a, dans ses écrits, aucun appel à l'insoumission (cela sans parler de son racisme anti-noir), mais, au contraire, la nécessité sans cesse réaffirmée de se conformer à la loi, telle qu'elle est formulée. (...)"
Julguem vocês mesmos.
Longe de ver um fim, esta discussão viu este ano a edição de uma outra obra "La Pensée anti-68 - Essai sur les origines d'une restauration intellectuelle" (Éditions de La Découverte), de Serge Audier, que, segundo parece, pretende fazer uma análise profunda e sistemática destas posições antagónicas, no contexto da sua pluralidade.
O revisionismo histórico e intelectual não é nenhuma novidade, mas se por vezes encobre "obscuras" intenções ou uma certa "má-fé", tem pelo menos a virtude de aguçar o espírito crítico e alertar para o inevitável relativismo dessas mesmas posições de releitura da história das ideias. Por outro lado, se a contra-história revela a insustentabilidade das pretensões objectivistas, ela própria se expõe às iniquidades do perspectivismo. E porque sobre o melhor pano cai a nódoa, cito uma crítica à recente obra de Michel Onfray, "Le Songe d'Eichmann", feita por Patrice Bolon no nº deste mês de uma revista muito conhecida que não refiro, para não me acusarem de fazer publicidade gratuita:
"Comme le rappelle Hannah Arendt dans Eichmann à Jérusalem, lors de son procès, l'organisateur de la déportation des juifs se réclama, à la surprise générale, de Kant. Il n'avait jamais lu Mein Kampf, mais connaissait très bien la Critique de la Raison Pratique, dont son père, un chef d'entreprise luthérien, l'avait imbibé dans sa jeunesse. Interrogé par l'avocat général, Eichmann donna d'ailleurs une formulation tout à fait fidèle de l'"impératif catégorique".
C'est en partant de ce fait que Michel Onfray s'interroge sur les liens entre le kantisme et le nazisme. Ce n'est pas que l'auteur des Critiques aurait "poussé" Eichmann vers le nazisme, mais rien dans son oeuvre, soutient Onfray, ne l'en a dissuadé. Et de rappeler qu'il n'y a, dans ses écrits, aucun appel à l'insoumission (cela sans parler de son racisme anti-noir), mais, au contraire, la nécessité sans cesse réaffirmée de se conformer à la loi, telle qu'elle est formulée. (...)"
Julguem vocês mesmos.
domingo, 18 de maio de 2008
"Poderá a dialéctica quebrar tijolos?"
[René Viénet, La dialectique peut-elle casser des briques? (1973)]
Apesar de seriamente afectado pela acedia nos seus avatares contemporâneos, não poderia deixar passar este mês sem referir esta efeméride. Há quarenta anos atrás a França estava ao rubro com as manifestações de que todos ouviram falar: em Paris, incendiavam-se carros, atiravam-se pedras, colavam-se cartazes e, numa inspiração poética e, simultaneamente, pró e anti-hegeliana, julgava-se na rua o sistema! A ideologia inflamou os espíritos e estes agitaram os corações, fazendo disparar o discurso em todas as direcções, gerando num "jogo livre e harmonioso" entre as faculdades (o entendimento e a imaginação) um movimento infinito de reflexão para produzir um sentimento de prazer (pois é isso que faz a faculdade de julgar, como Kant tão bem explicou). Por isso o slogan "Il est interdit d'interdire" exprime com precisão o espírito de Maio de 68, já que foi o gozo (jouissance) sem limites aquilo que ali se reinvindicou. E se foi a dialéctica nas suas (per)versões marxianas ou maoístas que inspirou o movimento, foi o seu próprio motor - a aufhebung - que ficou trilhado debaixo dos automóveis capotados.
É de sobremaneira conhecido o filão de pensadores e agitadores filosóficos (Deleuze, Guattari, Derrida, Foucault, Lyotard, para citar alguns) que se associou a esse acontecimento, mas foi sobretudo o grupo de artistas-filósofos da Internacional Situacionista (Guy Debord, Asger Jorn, Raoul Vaneigem) que desde meados dos anos 50 foi publicando os textos que preparam aquela explosão ético-estética de Maio. Estes não têm tido talvez o lugar devido nos cursos de filosofia, provavelmente pelo seu ostensivo anti-academismo e pelo seu carácter híbrido, pois tratavam-se de manifestos ao mesmo tempo filosóficos, antropológicos, sociológicos e artísticos, mas não deixam de ser fundamentais para compreender a weltanschauung daquela época que afinal é ainda a nossa.
Aqui ficam algumas ligações para textos e filmes disponíveis online:É de sobremaneira conhecido o filão de pensadores e agitadores filosóficos (Deleuze, Guattari, Derrida, Foucault, Lyotard, para citar alguns) que se associou a esse acontecimento, mas foi sobretudo o grupo de artistas-filósofos da Internacional Situacionista (Guy Debord, Asger Jorn, Raoul Vaneigem) que desde meados dos anos 50 foi publicando os textos que preparam aquela explosão ético-estética de Maio. Estes não têm tido talvez o lugar devido nos cursos de filosofia, provavelmente pelo seu ostensivo anti-academismo e pelo seu carácter híbrido, pois tratavam-se de manifestos ao mesmo tempo filosóficos, antropológicos, sociológicos e artísticos, mas não deixam de ser fundamentais para compreender a weltanschauung daquela época que afinal é ainda a nossa.
Guy Debord - La Société du Spectacle (1967) e o respectivo filme (1973)
Raoul Vaneigem - Traité de Savoir-Vivre à l'Usage des Jeunes Générations (1967)
Outros textos da Internacional Situacionista
O filme na versão integral de René Viénet que parodia os eventos de Maio de 1968.
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Artigos Online
Passei por cá e lembrei-me de limpar o pó ao blog. Assim, deixo aqui algo que pode revelar-se útil (ou talvez não). Tê-lo-ia sido, certamente, durante o curso. É uma listagem de artigos da Revista Filosófica de Coimbra disponíveis online. Curiosamente está num site espanhol, da Universidade de Murcia. Está tudo, como é da praxe, em pdf. Julgo é que não são boas digitalizações. A imagem está algo desfocada.
Bem cambada, curtam bués a cena!
Bem cambada, curtam bués a cena!
sexta-feira, 18 de abril de 2008
José Régio - Cântico Negro
Desculpem esta intrusão poético-filosófica, mas fiquei contente por ter relembrado o poema do Régio e busquei-o na net. Aqui fica o texto lido pelo João Villaret.
Cântico Negro
Cântico Negro
segunda-feira, 14 de abril de 2008
Filosofia prática
Um cartaz invulgar colheu-me de surpresa hoje mesmo. E parece que foi feito à medida para responder às declarações do Pinharanda Gomes. O cartaz mostra o programa de um workshop de Filosofia Prática. Não estou a tomar posição, embora o tema seja aliciante para uma discussão. Vejam vocês mesmos este projecto e o programa do referido workshop, em http://entelequia-filosofiapratica.planetaclix.pt/index_entelequia___filosofia_pratica.html.
sábado, 12 de abril de 2008
Os filósofos e a filosofia
[...] A cultura estabelecida parece minorar a filosofia. Ainda bem. Importa que a filosofia viva à margem. Dentro do "establishment" a filosofia corre o risco de morrer asfixiada. Em derradeira instância, os filósofos precisam da filosofia, mas a filosofia passa muito bem sem os filósofos e, melhor ainda, sem os professores dela. [...]
Pinharanda Gomes em entrevista ao Expresso de 31 de janeiro de 2004
quarta-feira, 2 de abril de 2008
"Breaking News"
Durante este último fim-de-semana, enquanto dava o noticiário na televisão e eu olhava distraidamente para o rodapé onde correm simultaneamente os títulos de outras notícias, não pude deixar de ler, para meu grande espanto, uma notícia sobre Santo Agostinho. Não é hábito, de facto, ler-se notícias destas num fluxo desordenado de títulos que fazem suceder as cotações das bolsas, o preço do petróleo, o último desfile de moda da Fátima Lopes ou um terramoto na Índia. O conteúdo da notícia interessará, na verdade, a um grupo relativamente restrito de especialistas, já que diz respeito à descoberta de seis sermões inéditos de Santo Agostinho, num manuscrito inglês do século XII encontrado em Erfurt, na Alemanha, por investigadores da Academia Austríaca das Ciências. E isso torna a situação de aparecer num rodapé de um telejornal um pouco insólita. Mas como este blog também vive destes "encontros" insólitos, resolvi partilhar esta notícia "fresca", a pensar também naqueles que poderiam estar à espera de novidades do fim da Antiguidade.
Para quem quiser saber mais da notícia, pode ler aqui, e para quem quiser ver as imagens das páginas do pergaminho e os comentários em alemão, aqui.
Para quem quiser ler a obra integral de Santo Agostinho: latim e italiano ou em francês.
domingo, 9 de março de 2008
O fato de Montaigne
À primeira vista trivial, o tema do hábito que têm os seres humanos de se vestir é verdadeiramente um mistério. O Génesis, por mais paradoxal que possa pareceer, terá porventura a melhor explicação científica para o facto e sua origem.
O certo é que se tende a eleger a linguagem como a marca da hominização, mas o recurso aos paramentos também tem qualquer coisa de extraordinário.
Grande observador, Michel de Montaigne (1533-1592) não deixou de se intrigar com tão peculiar costume, que, na verdade, pôde ter consequências notáveis na história da humanidade. Por mais evasivo que possa parecer este ensaio "De l'usage de se vêtir", nele se entrevêem algumas reflexões bem pertinentes. Por exemplo, quando Montaigne diz: "entre a minha forma de vestir e a de um camponês da minha terra encontro bem maior distância do que da forma deste à de um homem vestido apenas da sua pele".
Dir-se-á que no séc. XVI o mundo era diferente, as classes eram mais marcadas e o traje era um dos símbolos de uma classe. Mas hoje, apesar das mudanças, o significado de um fato é ainda abissal. Se os homens andassem nus, será que haveria desigualdades sociais, ou pelo menos as mesmas?
Perdoem-me este disparate, Montaigne não tem culpa. A prova está em http://www.bribes.org/trismegiste/es1ch35.htm.
domingo, 2 de março de 2008
Porthos e a Filosofia
[ Excerto de "Vivre sa vie" (1962) de Jean-Luc Godard]
Depois de um interregno longo por razões pessoais, decidi partilhar um excerto de um filme de Jean-Luc Godard, de que gosto muito, onde Brice Parain, historiador da filosofia responsável, juntamente com Yvon Bellaval, pela famosa Histoire de la Philosophie da Encyclopédie de la Pléiade, editada pela Gallimard, tenta explicar o lugar da filosofia perante a vida, a partir de um exemplo retirado de um famoso romance de Alexandre Dumas.
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
Antero e a Arte
"A Arte é a coisa santa da humanidade. Entre o sentimento religioso, apaixonado, mas confuso e ilusório, e a Ciência, luminosa, segura mas fria, há uma região serena e clara aonde a transparência do ar consente aos olhos do espírito perceber na correcção inteira de suas linhas, a forma puríssima da Verdade, sem que por isso o coração bata com menos força, sem que por isso deixe de crer, de amar e de ser vivo. É esse o domínio eterno da Arte. Eterno - como a aspiração de beleza e ventura que o povoa de visões luminosas, de sonhos maravilhosos. Eterno - como o desejo de verdade que ali deposita e guarda, como em santuário devotíssimo, o melhor oiro, as mais finas jóias conquistadas nas suas excursões aventureiras pelos países misteriosos do desconhecido. A viva claridade do pensamento e o ardor irresistível da paixão, a Ciência e a Religião, esses dois elementos rivais, quase contraditórios do movimento humano, encontram-se naquela alta e serena região, tocam-se, reconhecem-se...abraçam-se como irmãos reconciliados.
Deste abraço ideal, santo e desinteressado, desta abençoada reconciliação da inteligência e do coração, nasce a coisa entre todas formosa e alta, a divindade mais cara à alma dos homens, a Beleza, e a sua forma visível, a Arte."
Antero de Quental, «Arte e Verdade», in Antero de Quental, introdução e selecção de textos de Ana Maria Moog Rodrigues,Lisboa, Editorial Verbo, 1990, p.41
Deste abraço ideal, santo e desinteressado, desta abençoada reconciliação da inteligência e do coração, nasce a coisa entre todas formosa e alta, a divindade mais cara à alma dos homens, a Beleza, e a sua forma visível, a Arte."
Antero de Quental, «Arte e Verdade», in Antero de Quental, introdução e selecção de textos de Ana Maria Moog Rodrigues,Lisboa, Editorial Verbo, 1990, p.41
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Political Theories of the Middle Age - Otto Gierke
Aqui está mais um clássico online, desta feita do Otto Friedrich von Gierke que encontrei recentemente. A tradução é do F.W.Maitland, um importante historiador do direito inglês influenciado por Gierke, este um historiador e filósofo do direito alemão.
A obra são textos que Maitland reuniu, e que titulou, num só volume, de Political Theories of the Middle Age. Uma das teses do trabalho de Gierke era a defesa de um federalismo ínsito ao pensamento político medieval. Pode não servir a todos mas aqui fica e não custa "downloudar".
Suma Teológica
Acabo de encontrar a Suma Teológica do São Tomás de Aquino na internet. A tradução é espanhola e a edição tem bom aspecto. Digo isto porque ainda não me certifiquei se a edição é citada ou não. No entanto, partilho já convosco o link. Está num blog e dividida em quatro partes.
Suma Teológica
Suma Teológica
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