segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Abertura das passagens

Ao contrário do que possa dar a entender o título deste "post", isto não é tanto uma abertura como um convite à abertura das passagens, pois, na verdade, esta só acontecerá de cada vez que decidirmos partilhar esses portais ou essas brechas com que nos formos deparando nos nossos "caminhos que não levam a lado nenhum" (ou "caminhos da floresta" - como lhes queiram chamar). E, então, este blog será um espaço aberto e a abrir, pois nele vão aparecer trilhos e pistas concorrentes, tangentes, perpendiculares ou, talvez, por vezes, simplesmente assimptóticos, mas sempre disponíveis para o debate e esperemos que deles se possam derivar outros umbrais e outros atalhos que, por sua vez, se desmultipliquem exponencialmente num ritmo maior que o do hipertexto: o do pensamento.
Não se esconde que os caminhos a percorrer se enviesam já sobre ruínas: as da nossa formação histórico-filosófica. E nem se arroga aqui um projecto de eliminação das ruínas nem de ilusória reedificação. Antes se propõe continuar as escavações nos sítios que ficaram por explorar, para encontrar talvez outras passagens - subterrâneas, secretas - ou voltar a encontrar as demasiado expostas, mas que é importante voltar a atravessar para que a sua claridade não se transforme em obnubilação.
Que os trabalhos comecem!

[Ilus: Salvator Rosa, "Demócrito em Meditação" (c.1650),
Statens Museum for Kunst, Copenhaga]