sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Revues.org





Fiquei tão emocionado com os comentários aos meus dois posts anteriores, que vou postar mais um. Perdoem lá a redundância, mas, por acaso, este novo site até cumpre a função central deste blog. Trata-se de uma organização online onde estão associadas várias revistas como a Astérion. Chama-se Revues.org. Provavelmente já deram com ele, porque a página da Astérion tem lá o link. Se não viram ou não tiveram curiosidade, ficam desde já a saber, que a Revue.org tem muitas revistas de acesso gratuito.
O "sítio" justifica o post porque, ele próprio, permite a transversalidade disciplinar que aqui nos é tão cara. É relativamente simples verificar a área temática de cada uma simplesmente pelo título. Tem revistas para todos os gostos académicos. Como a Astérion poderá haver outras com a mesma qualidade em história, filologia, religião, ciência, antropologia, estudos literários, etc., e que tenham artigos que vos possam interessar.

P.S. Desculpem lá os posts sucessivos com simples links, mas uma pessoa apanha o vício do post e depois é difícil resistir. E já vão 16 posts! Ganda blog!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Les Bibliothèques Virtuelles Humanistes


Esqueci-me no post abaixo de referir outra descoberta (era, na verdade, só para acrescentar mais um post): Les Bibliothèques Virtuelles Humanistes. Não há muito a dizer sobre este projecto. Se já verificaram os links aqui ao lado, já sabem o que podem esperar. Trata-se de mais um site que disponibiliza bibliografia sem direitos de autor. Neste tipo de projecto o que varia é, sobretudo, o conteúdo.

Ora, o conteúdo deste talvez interesse a alguns de vós em particular. Trata-se de bibliografia dos séculos XVI e XVII, desde, simplesmente, os clássicos renascentistas, até alguns textos importantes sobre religião, ciência ou jurisprudência. Ainda tem música, história, geografia, etc...

Entretanto também vou colocar o link aqui ao lado. -------->

Revista Astérion









Numa das minhas pesquisas deparei-me com esta revista online. A Astérion é uma revista exclusivamente online. É uma revista de filosofia, história das ideias e filosofia política. Tem já 5 números e conta com alguns autores conhecidos. O melhor é que dá para descarregar os números todos em pdf, ou, se preferirem, apenas o artigo que vos interessar. É um site bem concebido. É totalmente em francês. Se não souberem ler, é uma boa oportunidade para irem aprender só para ler esta revista.
Deixo-vos o título dos números, embora possam confirmar no próprio site:

Liste des numéros proposés en téléchargement :

Astérion, n° 1, juin 2003, dossier : « Usages philosophiques de la maladie et de la médecine de l'antiquité à l'âge classique »

Astérion, n° 2, juillet 2004, dossier : « Barbarisation et humanisation de la guerre »

Astérion n° 3, septembre 2005, dossier : « Spinoza et le corps »

Astérion n° 4, avril 2006, dossier : « La crise du droit sous la République de Weimar et sous le national-socialisme »

Astérion n° 5, juillet 2007, dossier : « Le philosophe et le marchand »

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Por falar em Espinosa...



Em 1988, Gilles Deleuze, que não gostava de aparecer nos media, aceitou gravar uma entrevista com Claire Parnet, sua aluna "íntima", com a condição de o filme, daí resultante (produzido e realizado por Pierre-André Boutang), só poder ser publicado depois da sua morte, que aconteceria em 1995. A entrevista tem um método interessante e original. Foi proposta ao filósofo uma palavra para cada letra do alfabeto, que ele deveria comentar. Em 2004, as Éditions Montparnasse organizaram a edição pública dessa longa entrevista em três DVD. Recomendo, porque se trata não só de um documento de valor histórico e filosófico, mas porque o formato é muito confortável para os espectadores, na medida em que, muito de acordo com o pensamento deleuziano, não tem propriamente princípio nem fim, podendo ver-se uma letra ao acaso de cada vez, sem o perigo de perder o fio à meada.
A propósito da letra J, como "Joie" (Alegria), ele fala de Espinosa, o filósofo por quem Deleuze tinha uma predilecção muito especial. Pode ver-se aqui um excerto de L'Abécédaire de Gilles Deleuze.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Caute, o emblema de Espinosa


Cautelosamente, batemos à porta do filósofo, com receio de interromper a sua meditação solitária. Ao abrir-nos a porta, reparamos no anel que lhe assenta num dos dedos: é a sua marca pessoal, onde se lê, para além das iniciais do seu nome, a palavra latina caute.
À primeira vista, parece que o filósofo quer apenas proteger-se das acusações de heresia que a comunidade judaica lhe poderá dirigir. Não é esse o maior intuito da divisa espinosiana caute. Ela enquadra-se na reforma do entendimento, que aconselha ao filósofo usar de prudência nos pensamentos e na vida. O que o homem vulgar procura – os prazeres efémeros – acaba por perturbar o entendimento no seu caminho para a perfeição. No entanto, como o filósofo não pode deixar de viver em sociedade, ele próprio tem que se adaptar e falar e agir de acordo com o saber comum, procurar os prazeres e bens materiais indispensáveis para perseverar no seu ser, em suma, manter-se em paz com os costumes da sociedade, mas sem nunca perder de vista o fim último da “fruição eterna da suprema e contínua alegria”, que só o verdadeiro bem pode proporcionar.
O conhecimento que leva à perfeição acaba por ser, assim, uma experiência íntima que o filósofo persegue em solidão, do ponto de vista intelectual. Faz parte da sua sabedoria mostrar prudência quando se trata de exteriorizar os seus pensamentos, ele não tem necessidade de se impor nem de se exibir.
Espinosa dissimula, Espinosa oculta-se, e é lá na eternidade que o podemos procurar. Cautelosamente.