"A Arte é a coisa santa da humanidade. Entre o sentimento religioso, apaixonado, mas confuso e ilusório, e a Ciência, luminosa, segura mas fria, há uma região serena e clara aonde a transparência do ar consente aos olhos do espírito perceber na correcção inteira de suas linhas, a forma puríssima da Verdade, sem que por isso o coração bata com menos força, sem que por isso deixe de crer, de amar e de ser vivo. É esse o domínio eterno da Arte. Eterno - como a aspiração de beleza e ventura que o povoa de visões luminosas, de sonhos maravilhosos. Eterno - como o desejo de verdade que ali deposita e guarda, como em santuário devotíssimo, o melhor oiro, as mais finas jóias conquistadas nas suas excursões aventureiras pelos países misteriosos do desconhecido. A viva claridade do pensamento e o ardor irresistível da paixão, a Ciência e a Religião, esses dois elementos rivais, quase contraditórios do movimento humano, encontram-se naquela alta e serena região, tocam-se, reconhecem-se...abraçam-se como irmãos reconciliados.
Deste abraço ideal, santo e desinteressado, desta abençoada reconciliação da inteligência e do coração, nasce a coisa entre todas formosa e alta, a divindade mais cara à alma dos homens, a Beleza, e a sua forma visível, a Arte."
Antero de Quental, «Arte e Verdade», in Antero de Quental, introdução e selecção de textos de Ana Maria Moog Rodrigues,Lisboa, Editorial Verbo, 1990, p.41
Deste abraço ideal, santo e desinteressado, desta abençoada reconciliação da inteligência e do coração, nasce a coisa entre todas formosa e alta, a divindade mais cara à alma dos homens, a Beleza, e a sua forma visível, a Arte."
Antero de Quental, «Arte e Verdade», in Antero de Quental, introdução e selecção de textos de Ana Maria Moog Rodrigues,Lisboa, Editorial Verbo, 1990, p.41
1 comentário:
Que grande e generosa migalha que traz de novo a alma poética da filosofia portuguesa ou a profundidade filosófica da poesia de Portugal. Obrigado
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