quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Imprensa filosófica - R. Barthes

Saiu hoje um artigo no jornal Público sobre a recente publicação de um diário de Barthes. Neste diário estão relatados os sentimentos do Roland sobre a morte da mãe. Pelos vistos a coisa deu polémica. Não conto porquê para vos aguçar o apetite.
E perguntais vós? E onde está o interesse que motiva, inclusive, um
post no blog? A minha resposta é: em lado nenhum. Mas como sou frequentador de jornais diários, e poucas vezes se vê uma notícia sobre um filósofo ou a filosofia (tirando os artigos do Desidério Murcho), cá está um postzinho para celebrar o acontecimento; depois inauguro um novo tag: imprensa filosófica. Ora tomem!

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Pragmatistas americanos



Porque estamos em maré de vídeos e a América é o mais recente filho pródigo dos países civilizados, partilho um dos programas da série "The Great Philosophers" em que Bryan Magee convida especialistas de renome a falarem de vários filósofos importantes. Neste trata-se do pragmatismo americano e o convidado é o professor da Universidade de Columbia, Sidney Morgenbesser
. O programa é da BBC e é dos anos 80. Está dividido em cinco partes, sendo esta a primeira. As restantes encontram-se aqui: 2, 3, 4, 5.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Richard Rorty

Entrevista com Habermas

Ainda que por vezes um pouco incompreensível...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Hupgreides do blógue

Coloquei, abaixo dos links de sites relevantes, um espaço para revistas. Se conhecerem alguma "botem" lá o link.

Leonardo - Revista de Filosofia Portuguesa.

Descobri esta revista online de Filosofia Portuguesa. É mais uma para o acervo do Passagens. Vejam aqui.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Biblioteca Digital do Instituto Camões

Como é de passagens que este nosso blog trata, convido-vos a "passar" pelo site do Instituto Camões, e verificar a quantidade de textos digitais que a Biblioteca Digital do Instituto já possui. O projecto está muito bem conseguido, os pdfs são uma maravilha; e se muitos de vocês forem tolos como eu sou por vezes, e imprimirem uma obra em papel, vão ver que ela fica perfeita.
O acervo respeita, obviamente, ao contexto luso. Mas tem de tudo. Desde cinema, história, geografia, estudos literários, revistas, literatura e, claro está, filosofia portuguesa (sobretudo estudos). Tem de tudo! Dêem lá uma saltada que vale a pena.

Da chamada filosofia

«Há ideias mais lusas do que outras; e, se meditarmos bem nos caracteres que apresenta e nas consequências que provoca, não podemos deixar de reconhecer como das mais ricas em lusismo a de certas construções filosóficas que vão andando cada vez mais em moda. Tomou-se a filosofia como um entretenimento literário, como uma divagação tanto menos perigosa e de tanto menos responsabilidade pelo que respeita ao conteúdo dos artigos, quanto é certo que o leitor, porque de pensamento se trata, está sempre disposto a atribuir a dificuldade de percepção clara a defeitos seus - a uma falta de cultura especializada e a uma ignorância de vocabulário filosófico; além disso, um conto e um romance são para o público produções importantes e vivas que interessam à marcha do mundo e à conversa das reuniões familiares - ao passo que um escrito de filosofia se pode perfeitamente pôr de lado ou percorrer com mediana atenção. De modo que a união destas duas correntes, a que mana de si próprios e supõe a filosofia um ramo de literatura de magazine e a que provém dos leitores e olha a filosofia como uma actividade em que são permitidas todas as fantasias e combinações obscuras, tem levado alguns moços com vocação de pensador a abandonar os únicos caminhos seguros, a desprezar toda a espécie de preparação séria, a lançarem-se, com plena confiança na ignorância sua e alheia, numa retórica dia a dia mais oca e desonesta.
Escreve-se de filosofia sem se terem aprendido, com a humildade e o zelo a requerer, o vocabulário essencial, a morfologia elementar, a linguagem, digamos, e os princípios de trabalho que todos os pensadores têm conhecido e usado; tomam-se as expressões num sentido que a tradição filosófica de nenhum modo autoriza, confundindo-se a cada passo as de aspecto exterior mais semelhante; e há grandes mestres de pensamento que parecem não ter lido nos seus anos de aprendizagem os bons compêndios dos bons ensinos secundários. Corre ainda a ideia pitoresca de que se pode construir filosofia sem uma educação científica profunda e uma informação muito sólida dos resultados a que vão chegando as diferentes ciências; moços e velhos pensadores com ligeireza se dispensam de saber como funcionam a geometria analítica ou como se faz uma ivestigação biológica; os conhecimentos que se têm de física ou de química, quando não datam de há uma ou duas dezenas de anos, são apressadmente colhidos em resumos de jornais ou revistas do electricista amador; quando se vai mais longe lêem-se, escolasticamente, comentários, jamais se recorrendo ao livro ou à comunicação do que propôs a teoria ou informou dos resultados da experiência. Se acrescentaros a isto que o jovem filósofo, ao sair do seu curso ou ao dar por terminados os seus estudos prévios, se abalança à tarefa de screver sem ter lido, os livros essenciais da história da filosofia, quase se limitando a conhecê-los pelos resumos mais ou menos deformantes de Weber ou Bréhier, poderemos então admirar-nos de que as suas prosas venham a ser tomadas a sério e capituladas de pensamento. Tanto mais que existe, para quem se não sente com preparação e força para a filosofia, nem por outro lado com imaginação e poder criador para a literatura, um género humilde, de simples comentário, de nota à margem, um género despreocupado e de parca exigência em matéria de saber e de pensar: o considerativo, aqui presente.»

Agostinho da Silva, «Da chamada filosofia», in
Considerações

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Criação filosófica?

Este texto do Miguel Torga faz-me pensar no olhar que o Filósofo deve ter. Quem escreve este texto, tem esse olhar. Será assim?

A criação de mundo


«Todos nós criamos o mundo à nossa medida. O mundo longo dos longevos e curto dos que partem prematuramente. O mundo simples dos simples e o complexo dos complicados. Criamo-lo na consciência, dando a cada acidente, facto ou comportamento a significação intelectual ou afectiva que a nossa mente ou a nossa sensibilidade consentem. E o certo é que há tantos mundos como criaturas. Luminosos uns, brumosos outros, e todos singulares. O meu tinha de ser como é, uma torrente de emoções, volições, paixões e intelecções a correr desde a infância à velhice no chão duro de uma realidade proteica, convulsionada por guerras, catástrofes, tiranias e abominações, e também rica de mil potencialidades, que ficará na História como paradigma do mais infausto e nefasto que a humanidade conheceu a par do mais promissor. (…) Homem de palavras, testemunhei com elas a imagem demorada de uma tenaz, paciente e dolorosa construção reflexiva com o material candente da própria vida.»


Miguel Torga, Do prefácio do autor à tradução francesa, in A criação do mundo, Vol.I, pp.7-8